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O Transpraia é um comboio turístico que liga a praia da
Costa da Caparica à Fonte da Telha, num trajeto de cerca de
9 kmts à beira do Atlântico num percurso que compreende 4
estações e 15 apeadeiros, tendo sido o primeiro acesso a
algumas praias mais remotas para os inúmeros banhistas da
altura.
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Inaugurado em 29 de Junho de 1960, é propriedade da
empresa Transpraia – Transportes Recreativos da Praia do Sol,
Lda, opera no litoral do concelho de Almada e foi um projeto
de Casimiro, hoje administrado pelo filho António Pinto da
Silva.
Casimiro, exímio atirador de tiro ao voo, investiu o
dinheiro dos seus prémios neste projeto.
A ideia de criar o Transpraia nasceu dos 4 anos vividos
em Santo António da Caparica por motivos medicinais devido ao
iodo desta praia para curar as amigdalites da sua filha mais
nova.
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Tendo inicialmente sido apenas um trator
a puxar carruagens sobre um estrado de madeira para
transportar as pessoas para a praia, a fragilidade da
madeira não foi impedimento para Casimiro que, apesar dos
estrados terem partido, continuou com o seu projeto.
Inspirado num pequeno comboio que recordava de uma mina numa
povoação Francesa, assim nasceu o novo modelo de comboio que
acabou por implementar. Com uma bitola de 60 cm, o trilho
tem um percurso de via única, com algumas agulhetas e
duplicações de linha para cruzamentos e pontos de manobra,
tendo sido utilizado o sistema de montagem Decauville.
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A viagem inaugural foi um sucesso, enchendo de animação a
pequena vila à beira-mar, que fervilhava de cor e alegria em
redor deste pequeno comboio de praia. Desde os gaiatos
descalços às donas de casa de lenço ou avental e os senhores de
chapéu, ninguém faltou à festa.
Benzido pelo pároco da Freguesia, o comboio pôs-se em
marcha ao som da Banda da Casa dos Pescadores que tocava a
"Maria da Fonte".
A sua importância reclamou a presença de todas
as personalidades importantes da época: o Secretário
Nacional de Informação e Turismo, Dr. Moreira Baptista, o
governador civil de Setúbal, o presidente da Câmara de
Almada e o presidente da Comissão Municipal de Turismo.
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No
regresso da 1ª viagem houve festa e um cortejo que percorreu
a Rua dos Pescadores com a banda a acompanhar.
À época escrevia o o Diário de Notícias que ao almoço e
aos "brindes", "falou em nome da Transpraia o Sr. Dr. Canas Cardim, que a exemplo
do que já fizera no início da viagem, saudou os visitantes e disse que a obra
iniciada era um dos muitos sonhos que a sociedade pensa realizar para o progresso
da Costa da Caparica", acrescentando: "Quem nos dera ser
vivos, daqui a poucos anos, para assistir à transformação
total desta região maravilhosa, quem sabe, talvez
impulsionada por estas pequenas máquinas Diesel, rastilho do
nosso empreendimento!"
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As pequenas locomotivas movidas a gasóleo puxam composições
constituídas por quatro carruagens do tipo imperial, de
acesso aberto pelos estribos laterais a sete bancos de
quatro lugares corridos.
Com o Transpraia muitas vidas se cruzaram, Carlos Alberto foi inicialmente cobrador,
depois maquinista, tendo chegado a encarregado, desde o tempo em que vendia bilhetes a dez tostões,
quando só existiam duas praias, a Costa e a Fonte da Telha.
Quando quase ninguém tinha carro, todos ficavam na praia da vila, mas o Transpraia trouxe a
oportunidade de um dia de praia em família com apenas meia hora de viagem.
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As praias da costa foram desbravadas com o
tempo e com a ajuda do Transpraia que, de Junho a Setembro
das 09:00 às 20:00, foi dando a conhecer a beleza natural da
Costa do Sol, e das novas praias, tendo lá chegado antes de
qualquer outro.
No pós-25 de Abril houve um boom de clientes que faziam
filas enormes para os bilhetes, criando conflitos, empurrões
e discussões quando um comboio chegava, obrigando à
frequente intervenção da Policia Marítima, não havia lugares
vazios e quase subiam para o tejadilho.
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A animação era garantida, especialmente quando figuras
conhecidas como Paulo de Carvalho, Helena Isabel, Herman
José, Vitor de Sousa entre outros, apareciam e cantavam e
animavam as viagens.
Hoje em dia os lugares vagos abundam e a Policia Marítima
já não é necessária para repor a ordem, as figuras públicas
não aparecem e o preço das viagens já não chega para manter
os custos e a manutenção do Transpraia.
Todas as praias têm estacionamento e quase toda a gente
tem carro, o Transpraria hoje é ocupado por turistas e
românticos que continuam a gostar de sentir o vento nos
cabelos, o ranger dos bancos de madeira, de observar a
arriba fóssil da arrábida ou sentir a emoção de cruzar as
dunas e ter o privilégio de ver o mar de uma perspetiva
única.
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O mix de línguas que se ouvem, juntamente com a
alegria das crianças, torna esta viagem emotiva e
inesquecível.
Com 2 tarifas diferentes, a praia da Riviera faz a
mudança, obrigando os revisores a percorrer atentamente as
carruagens e servindo também de guias turísticos locais,
enquanto serpenteiam pelas dunas, ora junto ao mar, ora
serenamente na calma dos espaços desertos.
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No Verão de 2007 o programa Polis transferiu o Transpraia
para a Praia Nova, o que afastou muitos clientes,
campistas que o utilizavam para vir à cidade
e especialmente idosos que têm dificuldade de caminhar na areia até ao novo terminal.
O Polis está dividido em vários planos de pormenor, iniciado
em 2006, já tiveram vários alvos de intervenção e inclui a
relocalização do traçado do comboio de praia - Transpraia.
A gestão do Polis está a cargo da Sociedade Costa Polis,
assumindo o Estado 60 por cento do Capital Social e o
Município 40 por cento. A operacionalidade do programa é
da Parque Expo.
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Mesmo sendo este comboio uma atração turística, a mudança de
um terminal na Rua dos Pescadores junto ao restaurante
"Carolina do Aires" para cerca de 1 kilomemtro e 200
metros de distância, junto ao Parque de Campismo da Praia
Nova, em nada o favoreceu, apesar da tentativa da Costa
Polis que acordou uma ligação gratuita entre os 2
terminais garantida pela TST (Transportes Sul do Tejo),
apenas no 1º ano após a mudança.
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Afastado da Estação original não está previsto o retorno ao local inicial,
muitos dos veraneantes desconhecem que o Transpraia ainda existe
e a falta de visibilidade tem sido cruel para o Transpraia,
que continua a lutar pela sobrevivência.
Os três comboios que fazem as viagens do Transpraia
continuam a fazer a primeira viagem às 09:00 da manhã a
partir da Praia Nova e a última viagem às 19:30 a partir
da Fonte da Telha.
... E aguardam por si!...
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